quinta-feira, 21 de maio de 2015

     E agora, após mostrar algumas das beldades de Gravatá, nós iremos para os detalhes e coisas que foram bastante perceptíveis. Acho que o que mais nos chamou a atenção foi, sem dúvidas, o frio de Gravatá. Já visitamos lugares mais frios fora do Brasil e dentro também, mas Gravatá é excepcional por quanto o frio a veste como um perfeito traje. 

     Outra coisa foi a quantidade imensa de arquitetura rustica e cheia de madeiras, brancos e amarronzados. O clima chegava a ser excessivamente romântico, fazendo de Gravatá um local muito único. 
    
         E então chegamos aos quesitos problemas. Uma coisa que surpreendeu foi o chamado (e já visto por nós) "jeitinho brasileiro". Um eufemismo para as artimanhas que os brasileiros costumam arranjar para alcançar a solução dos seus problemas. Tudo no Brasil é fila - e como passamos muito tempo, visitamos locais em que a fila era prejudicial e recheada de espertos prontos para entrarem no meio na primeira oportunidade. 

       No aeroporto, por exemplo, eu e Aléxia (as pessoas que mais passaram tempo em fila) passamos por uma má situação na qual uma brasileira entrou na nossa frente. E quando fomos nos colocar a frente dela para a devolução do nosso lugar, a recepcionista falou um interessante "senhora, pode vir" e nós prontamente nos adiantamos. Mas para a nossa surpresa, recebemos um "não, desculpe, é a senhora que está com a criança". Criança lê-se um jovem de no mínimo 18 anos de idade - e digo isso pois sua namorada estava esperando os dois do outro lado e ele era mais alto do que eu e Aléxia juntas. 

       No tempo que passamos lá, em uma quinta-feira, também ocorreram manifestações por melhor educação. A mobilização tinha como objetivo apresentar os principais problemas vivenciados por alunos, funcionários e professores. 

       Mas foi aí também que começamos a procurar sobre a educação no Brasil e percebemos o quão desvalorizada ela é. É plausível o motivo do Brasil ter ficado em 60ª lugar na área da educação, junto a tantos outros países sul-americanos. Nada mais do que muito bem merecido. E o protesto também. Havia variados cartazes, inclusive um que dizia "nossa arma é a união". Achamos linda a iniciativa, indiscutivelmente admirável, até por vir de tão novos. 

         Também assistimos outra luta constante do povo de Gravatá (em um bairro que nem eu nem os outros lembram do nome): buracos e esgotos. A prefeitura havia acabado de iniciar um fechamento e construção respecitvamente de uma vala e um canal. A vala media mais de 120 metros! O problema estava enorme, trazendo uma quantidade considerável de insetos e com isso doenças. Acabamos sabendo que ele já havia dado uma desculpa relacionado a isso com um prazo de 20 dias para resolver (descumprido) e agora havia reativado a tentativa de conserto. O cheiro era detestável e nos sentimos inseguros diante da situação. É deplorável expor a população a um tipo de humilhação como essa, onde pagar impostos reverte em assistir esgotos. 

       A violência também cresce. Em dois dias que estivemos lá assistimos a um jornal que revelava o corpo de um homem de trinta anos encontrado na residência onde morava, em tal "Comunidade do CAIC". A morte foi a facadas, causada por uma briga besta. Também houve homem baleado nas costas, entre outras situações que nos deixaram até com medo de continuar visitando outros lugares. Talvez seja o descostume, não sei. Sei que, por mais lindos que fossem os locais relatados, o grupo inteiro não deseja voltar lá por medo.

       Mas esse ainda não é o pior problema de Gravatá. O atual maior problema é a falta de água. Ficamos sabendo por terceiros que já existe até calendário de abastecimento em formato de rodízio! A situação de abastecimento no bairro é crítica. Eles são abastecidos durante quarenta e oito horas e, após isso, passam dez dias sem água. 

         Eu sei que você pode estar pensando que mais criticamos do que qualificamos. Mas ao passar dos dias os problemas foram mais gritantes do que as qualidades. Não poderemos nunca mentir sobre isso.


         Também visitamos lugares puramente turisticos. O Palácio Joaquim Didier, por exemplo - cujas imagens não tiramos por causa da surpresa inesperada e indesejada do descarregamento da câmera.


E também a cultural Igreja Matriz de Sant'Ana


Ou Pólo Moveleiro. 


E o Banho de Amaraji. 

    
       A Cachoeira da Palmeira foi um dos locais mais lindos que já visitamos. Will não cansou de tirar fotos, parecia querer registrar cada curva que a água fazia. Já viajamos tanto, e mesmo assim o Brasil nos surpreendeu. A beleza encantadora de locais mais frios é uma antítese quando comparado as terras brasileiras: a nação parece ter uma beleza exótica, voraz e selvagem. Não porque dizem certo quando falam mal dos brasileiros, não há qualquer tipo de predominância indígena e nem tudo é samba. Mas sim porque a natureza simplesmente ignorou qualquer tipo de industrialização e quis continuar seu percurso puramente instintivo e indiferente, reinando majestosamente sobre tudo o que está em seu poder - e esse tudo é mais do que meus olhos turísticos conseguiram aguentar. 


Também havia uma Pousada lá: a Fazenda das Palmeiras. 



A chegada

      Olá! Finalmente tive tempo suficiente para parar e teclar para vocês tudo o que ocorreu durante a viagem. O vôo foi tranquilíssimo. A chegada foi mais ou menos perto da noite, umas seis horas e quarenta minutos. Eu, Aléxia e Carol fomos as primeiras no quesito ir para o quarto do hotel dormir. Nós ficamos no Resort Villa Hípica. 


       Foi um dos resorts mais caros de todos que já estivemos. Não era necessário. Afinal, com uma vista dessas:

Cachoeira da Palmeira, um dos atrativos naturais de Gravatá.

Quem precisa de Resort?

terça-feira, 16 de setembro de 2014

   Mas é que há algo de simplesmente extraordinário em deitar nos seus braços enquanto olho nos seus olhos. Percebo isso ao mesmo tempo em que calmamente me inclino devagarinho e te olho dormir. Olho meio precariamente, na meia luz do quarto, avalio se os lençois te cobrem perfeitamente. Então passeio pela cama até encontrar a melhor posição enquanto tento não te acordar. É a hora na qual me aconchego, me encaixo no seu calor e deito meu corpo no seu. No instante em que me inclino e te olho nos olhos, te faço carinho. Os seus olhos estão fechados, sua respiração está serena. As luzes estão apagadas. Mesmo assim, olhar as portas da sua alma me dá prazer. Afinal, de manhã elas se abrirão e brilharão para mim. E essa luz será meu guia. É complicado encontrar definição para algo tão complexo quanto o encontro de nossas peles e de nossos olhares. A química tentaria explicar: enquanto encaixo meus braços ao redor do seu corpo e deito minha cabeça no seu peito, os meus átomos atingem a posição de gases nobres. São estabilizados, param de se remexer como doidos e encontram a sincronia perfeita na eletrosfera. Eu sei que falando assim é dificil de entender... Mas o ponto é que é difícil de definir, é contraditório e profundo. Eu me sinto pequena e frágil, e ao mesmo tempo única e forte. Pequena como uma criança, uma donzela virgem e incapacitada de se defender, e forte como uma mulher. A mulher mais amada e digna de admiração e honra que existe nesse mundo. 
   Deitar nos seus braços é como parar a vida por um instante e nesse segundo subir ao paraíso. É como afastar os problemas e estabelecer à frente deles uma muralha impenetrável. Me aconchegar em você é o lugar mais certo, mais seguro, mais protetor. É achar o corpo para o qual o meu foi feito. Achar o equilibrio, a balança. Como se cada membro meu só conseguisse se estabilizar quando encontra os seus. É melhor que mil cobertores e mais eficaz do que as asas de um anjo. Afinal, você é o meu anjo. Deitar minha cabeça no seu peito é me abster de tudo o que faz mal, é adentrar numa floresta de amor, é me afundar nas loucuras de uma paixão contínua e enlouquecedora. No segundo em que te sinto perto as coisas entram em harmonia. O mar se acalma e a tempestade vira eterna primavera. As flores nascem e recebem do sol a luz necessária. Qualquer escuridão é clareada, qualquer lágrima se desenrola em risos de alegria, qualquer cemitério vira jardim de intensos aromas. Seu abraço, seus braços e seus olhos são a minha casa. É onde mora o meu coração, onde mora minha felicidade. Onde mora a minha alma. 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Eu sei onde começa e termina
Eu sei o infinito, sei o precipício,
Eu sei todo o alfabeto
Eu sei por onde andam as pedras
Por onde desondam as ondas
Por onde correm os animais
Eu sei que eu sei
Porque costumava saber tudo
Até cruzar com os seus olhos
E não saber mais

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Você fez a vida parecer muito fácil... E nesse exato momento, ela está apenas parecendo um fardo muito pesado... Desculpe. Eu estou escrevendo e colocando pausas para poder organizar meus pensamentos. Tentando encontrar motivos racionais por trás dos sentimentos que hoje em dia, como o louco desvairado que me tornei, não consigo mais organizar. Eu saí da cama. É de madrugada. E eu não consigo dormir, como nas outras 364 noites. E 365 nos anos bissextos. Porque eu me habituei a ver a vida em cima das suas mãos, dentro do seu abraço, no meio dos seus cabelos. Eu me habituei a observar o exterior pelos seus olhos. Eu vivia metade por mim, metade por você. Melhor, quase tudo por você. E agora... Nada. Só há vácuo, vazio. Um nada infinito e sujo. É tudo o que eu escuto. O silêncio. Mesmo que falem ao redor. Não adianta... Eu sou um rádio que nenhuma outra pessoa pode sintonizar. Só você. Eu vivo agora num mundo de solidão, onde as pessoas falam mas ninguém me compreende. Tem fulano que me escuta nisso, sicrano que fala naquilo, mas só você me escutaria por horas e horas e me seguraria no colo enquanto eu chorava. Só você seria minha mãe, minha namorada, minha irmã e minha melhor amiga. Tudo ao mesmo tempo. E depois, a noite, me entregaria seu corpo para que suspirássemos juntos. É o mal que há em depender de alguém. Não estou te culpando. Entenda, por favor. Estou culpando os lençóis vazios e o refrigerador que a cama se torna quando você não está nela. Eu fiz certo em depender de você, porque acho que mesmo se não quisesse eu dependeria. Eu te amo e para isso não há escolha. Eu nasci para te amar, e mesmo que eu gritasse enlouquecidamente "não quero", minha motivação diária continuaria sendo o seu sorriso que há tanto tempo eu não vejo. E nunca mais vou ver, senão nas memórias indiferentes que são as nossas fotografias guardadas naquela caixa vermelha. São como portais fechados, janelas intransitáveis, e de fora só posso te observar. Mas o que estou falando, pelo amor de Deus? Algum dia eu diria "não quero"? Porque é deprimente, angustiante. Eu sei muito bem que se voltasse atrás faria tudo de novo. Não vivo agora, sem você. Estou morto. Todavia antes de você chegar eu também estava, e aí não faz diferença. Prefiro ter vivido e algum dia visto teu sorriso. Foi o maior privilégio que eu poderia receber. Você foi como um anjo. Você veio, me deu além do que eu merecia, me fez além do que eu achava que teria, e depois fechou-se. Foi embora. E agora eu estou aqui. Sozinho. Eu tenho que aceitar. Pelo menos é o que me falam. Mas se passaram oito anos... E eu simplesmente não consigo. A dor mais imensa que a vida pode te dar é ter o seu coração tão feliz ao lado de alguém e depois vê-la sendo arrancada de você sem que nenhuma escolha pudesse ser feita. Se tivessem me perguntado se eu daria a minha vida pela sua eu diria sim, mas não me perguntaram nada. Só te arrancaram e me obrigaram a conviver com a dor. E agora, vendo essa dor, penso se realmente diria sim e te obrigaria a passar por isso. Você agora está no céu, deve estar bem, e eu estou aqui. Não te obrigaria a sentir a dor escruciante que estou sentindo agora. E que é como uma sanguessuga, não me deixa, só me persegue. Não me larga nem que eu durma, nem que eu me embebede. Eu queria poder dormir, juro. Queria poder conseguir. Sei que se orgulharia de mim se eu levantasse vivo pela manhã. Mas não dá... Não dá... E estou chorando enquanto digo isso... Tenho vergonha do verme que me tornei. Custa muito pedir que aquela doença nunca tivesse acontecido? Que a minha pequena linda aparecesse por aquela porta e perguntasse se eu fiz café? Posso pelo menos pedir isso? Ter esperanças? Mesmo sabendo que nunca vai acontecer? Posso? Sei que você não vai responder. Eu te conhecia tão infinitamente bem, seus olhos eram meu livro preferido. Eu te olhei dormir por noites e noites, observando cada traço do seu rosto. Hoje ainda tenho cada detalhe guardado na mente. Entretanto não sei se você me diria para ter esperanças, ou se acharia melhor não. Afinal, a esperança é doentia e irracional, mas é o que tem me sustentado. A que ponto cheguei? Onde algo ilógico e burro me sustenta? Você morreu. Morreu. E eu choro enquanto escrevo isso, porque é a verdade me chutando e me esfaqueando... Eu estou com o seu celular amarelo. Que virou amarelo destonado. E toda vez que ele cai na caixa postal sua voz toca. Eu já não choro mais, apenas escuto. Fiz de tudo para manter a linha, para não perder uma das únicas partes que me resta. E aí escuto até dormir. Acho que farei isso agora. Boa noite, pequena... Por favor. Por favor. Apenas me pergunte pela manhã se eu fiz café. Apenas insista até que eu acorde como sempre costumou fazer. E juro, prometo ajoelhado se quiser... Eu volto a viver.